A Internet é sem
dúvida hoje em dia um “mundo” que veio para ficar. Como Castells(1999) afirma
“as redes estão crescendo exponencialmente, criando novas formas e canais de
comunicação, moldando a vida e, ao mesmo tempo, sendo moldadas por elas” que se
transforma diariamente na blogosfera, na cibercultura, no virtual, no mundo
real.
Cada vez mais
vamos ter de nos habituar a um mundo real que passa pelo virtual, senão vejamos
a quantidade de transações que diariamente se fazem, sejam elas bancárias,
aduaneiras, estatais, simples trocas de e-mails, simples conversas de chat, a
própria comunicação em skype, etc.
Honor de Almeida
Neto (2007) afirma que “o real é virtual porque tem potência, fato que ocorre
com as inúmeras possibilidades associadas ao advento das novas mediações, para
a realização das relações sociais. O uso das novas mediações como forma de
aproximar as pessoas, torná-las mais humanas, fraternas, inteligentes,
solidárias, é virtual, embora possa não ser ainda atual.”
É uma realidade
que a sociedade já mudou as crianças não brincam na terra, jogam play station,
as crianças não jogam ao esconde, jogam counter strike no PC, o mundo mudou, as
relações pessoais e interpessoais mudaram.
Quem hoje em dia
não usa a Internet para tudo?
É necessário ter
atenção ao que é confiável e ao menos confiável. Será possível ter
autenticidade na rede e saber se o que nos está a ser transmitido de todo
confiável? Estarão as nossas relações a
ser bem comunicadas? Braudillard acha que a comunicação na rede elimina, anula o “real processo
comunicacional”.
Na blogosfera é
normal surgir informação sem autor, em anonimato, será este um comportamento
diferente do que se fosse no real?
Autenticidade é
um nome feminino que significa carácter do acto ou documento que está conforme
à lei, qualidade de uma obra que comprovadamente pertence ao autor a que é
atribuída, qualidade do que é conforme à verdade; veracidade, manifestação de
sinceridade ou naturalidade. Transparência é também um nome feminino que
significa qualidade ou estado do que é transparente, fenómeno pelo qual os
raios luminosos visíveis são observados através de certas substâncias, qualidade
do que transmite a verdade sem a adulterar; limpidez, qualidade de quem não tem
nada a esconder, carácter do que não é fraudulento e pode vir a público (em
matéria económica), folha de plástico transparente, com texto ou gravuras, para
uso no retroprojector; acetato.
Como foi
referido no forum “Se utilizar uma imagem com Copyright, fazendo-o passar por
minha (depois de a transformar), estou a ser falsa e ao mesmo tempo opaca, não
é? Se a utilizar (como temos vindo a fazê-lo)para através dela expressar uma
ideia, um sentimento,..., levando-nos à reflexão e ao debate...então aí penso
existir transparência.”
Ser transparente
e autentico implica responsabilidade e a rede está aberta a todos, inclusivé
aos "irresponsáveis". Por vezes nem na "vida real" somos
verdadeiramente autênticos ou transparentes, há sempre um filtro qualquer que
nos impede de revelarmos exatamente o que pensamos ou sentimos.
Cada vez mais
está em voga as redes sociais e com ela novos e “modernos perigos”, nicknames,
roubos de identidades, assédios sexuais, criação de identidades falsas, um sem
numero de perigos que terão e estão a ser tratados, ou vigiados, de forma a que
a transparência na rede seja cada vez mais fidedigna.
É claro que as
redes sociais refletem relações humanas, onde se partilham emoções, fotos,
conflitos, tarefas, no fundo vida privada e muitas vezes profissional. Temos a
liberdade de ser quem quisermos, quando
quisermos, de ter uma vida a par da dura realidade, o que se pode tornar um
perigo.
Segundo Levy,
“Nem a salvação nem a perdição residem na técnica. Sempre ambivalentes, as
técnicas projetam no mundo material as nossas emoções, intenções e projetos. Os
instrumentos que construímos dão-nos poderes, mas somos coletivamente responsáveis,
a escolha está nas nossas mãos” (1999, p.17).
Ou ainda, “a virtualização não é nem boa nem má, nem neutra. Ela
apresenta-se como o movimento mesmo do devir outro - ou heterogênese- do
humano. Antes de temê-la, condená-la ou lançar-se às cegas a ela, proponho que
se faça o esforço de apreender, de pensar, de compreender em toda a sua amplitude
a virtualização" (Levy, 1996, p.12).
Tendo isto como
pano de fundo, é cada vez mais claro que estamos numa sociedade cultural cada
vez mais virtualizada, levando-nos a falar da Cibercultura defendida por Levy "
a forma sócio-cultural que advém de uma relação de trocas entre a sociedade, a
cultura e as novas tecnologias de base micro-electrónicas surgidas na década de
70, graças à convergência das telecomunicações com a informática ".
Existem inúmeras
possibilidades de relação no virtual, até Levy defendia que a virtualização era
o meio ideal para o desenvolvimento da linguagem bem como das relações comunicacionais.
Também é verdade
que cada vez estamos mais dentro da rede o que faz com que não seja possível
sociabilizar presencialmente tão frequentemente.
A informação é
muitas vezes considerada uma arma senão vejamos como numa guerra a informação
certa na hora e local certo poderá marcar a diferença entre o ganhar ou perder
a batalha. Podemos considerar a informação uma forte influência em manipulação
de pessoas, daí o perigo da falsificação de identidades na rede, que poderá a
levar a inumeras complicações de diversas ordens.
Rui Páscoas no
seu blog sita Almeida, M.(2003) em A
Diplomacia Pública, Revista Negócios Estrangeiros, nº 6 “[...]numa época de
globalização e do poder da informação – o chamado “4.º poder” –, proporcionado
pelas novas tecnologias, a palavra e a imagem, como instrumentos de divulgação
e de promoção, estão intrinsecamente associadas ao discurso político, seja ele
do poder ou do contra-poder. Independentemente dos conteúdos e do seu
significado, o fim perseguido é sempre a mobilização das massas, seja para uma
participação colaborante e consentida, em regimes democráticos, seja para uma
adesão compulsiva, que possa servir de justificação e de sustentáculo à
conquista do poder e seu exercício, em regimes despóticos ou sem alternância.”
Falando em
complexidade e transparência, complexo não será igual a opaco e antónimo de
transparente? E por que motivo queremos tanto ser transparentes=verdadeiros?
Daniel Innerarity (2004, p.27), diz “No mundo da simulação, o real
transforma-se numa coisa obsessiva. A nossa cultura está fascinada pela
distinção autenticidade/simulação”.
Pensando agora
na visibilidade/identidade é notória a procura óbvia da visibilidade, nesta era
da informação-comunicação-simulação, de se ser visto, lido e ouvido por muitos,
não será assim alterarada a noção/percepção de identidade? Do quem sou eu? O eu
digital corresponderá a transparência? Ou leva-nos à liberdade de expressão?
Ao nos expressarmos
livremente por meio de um teclado e um monitor estamos mais á vontade e mais
desinibidos (não será isso transparência?) as nossas ideias e opiniões, não
serão mais claras e bem pensadas logo mais refletidas? Por um lado, não vemos o
peso do "olhar recriminador"
dos outros, por outro lado, iremos encontrar sempre alguém, nesta rede global,
que partilha da nossa opinião, que irá interagir repensar refletir e
acrescentar algo.
Abordando a
mentira ou omissão, que quer queiramos quer não, faz parte da nossa vida social
real. Esta seria insustentável se todos fizessem o que nos apetecesse e
disséssemos tudo o que nos viesse à cabeça, mas, virtualmente parece-me que
poderemos estar mais próximos da verdade, se assumir de antemão a
mentira=simulação, "que o que é pode não sê-lo".
Para Debord “quando
o mundo real se transforma em simples imagens, as simples imagens tornam-se
seres reais e motivações eficientes de um comportamento hipnótico” (1997,
p.18).E é aí que “o real já não é o que era, a nostalgia assume todo o seu
sentido. Sobrevalorização de verdade, de objetividade, e de autenticidade de
segundo plano” (BAUDRILLARD, 1991,p.14). “O indivíduo que antes era espectador
do real, sem participar, passa a ver a si na mídia de massa. O indivíduo
torna-se o espetáculo, descobre-se como simulador de si e perde-se do real para
dar lugar ao hiper-real; o comum torna-se espetacular” (BAUDRILLARD, 1991).
Stuart Hall defende
que a identidade que é fundada num complexo projeto de mascaras e atributos
necessários a formação de mecanismos de relações sociais, assim “o sujeito
assume identidades diferentes em diferentes momentos” e quando a associa à
pós-modernidade descreve essa identidade calçada na consciência de si mesmo e
no seu lugar social que passa pela
chamada “crise da identidade”. Crise diante da “perda do sentido do ser”
pluralizado e pulverizado nos vários espaços de interação criado a partir das
modificações sociais, políticas, económicas e, sobretudo, culturais das quais a
globalização e tecnologia informacional se tornam vertentes para compreender os
vários sujeitos formados.
Bauman,
associando a identidade à modernidade líquida, acredita que “a fixidez dá lugar
à incerteza, as identidades do passado são sobrepostas pelas possibilidades de
futuro e o sujeito se caracteriza como descentramento e deslocamento permanente”.
Nas redes este
conceito replica-se na virtualidade, onde o território é substituído pelos
valores e significados partilhados. Os relacionamentos estabelecidos nas redes,
neste sentido, podem constituir autenticas comunidades tanto na estruturação de
um código de condutas, de valores, de herança de conhecimentos e memória,
tornando a sobrevivência da comunidade um objetivo partilhado pelos que vivem
nela ou sonham com ela.
O nosso “Eu”
digital e/ou virtual não será uma extensão de “Eu” físico e/ou presencial, ou
seja, “Nós” mesmos?
Não somos seres
passivos, existe uma relação dinâmica e dialética entre o teu “eu” e as
diferentes personagens ou máscaras, que tu vestes/desempenhas e ambas se
influenciam mutuamente.
Não existe “um”
único comportamento, composto por gestos e ações pré-definidas, lineares ou
programadas.
Enquanto no
mundo virtual, emancipamo-nos, por vezes sem nexo, com teias/redes de
amigos/conhecidos, com actividades online cada vez mais abrangentes e
exigentes. O Virtual é um complemento das nossas vidas, sobre o qual recai boa
parte das nossas relações sociais, bem como profissionais, servindo como ponte
com o real/físico, cabendo-nos a nós utilizar a rede, de forma solidária e
eficiente para que possamos aproveitar o que de bom nos traz, a rapidez, a
informação, a formação, interactividade, e muito mais transpondo os valores que
nos guiam no mundo real, para esse mundo virtual.
Artigos
Consultados:
http://alexmedeirosmpel05.blogspot.pt/2011/06/virtualizacao-das-relacoes-sociais.html
http://mpel.ruipascoa.net/?p=243
http://www.agoragrega.com/tag/virtualizacao-das-relacoes/
http://comunicame20.blogspot.pt/2011/08/virtualizacao-das-relacoes-humanas.html
http://www.pucrs.br/edipucrs/online/trabalhoinfantil/trabalhoinfantil/2.1.2.html
http://seer.ucg.br/index.php/fragmentos/article/viewFile/1372/918
http://infoxzone.wordpress.com/2011/04/22/analise-futuro-das-redes-sociais/
http://pt.scribd.com/doc/45306272/A-espetacularizacao-da-identidade-virtual-nas-redes-sociais
http://franciscopereirampel05.blogspot.pt/2011/06/autenticidade-e-transparencia-na-rede.html
http://mpel5sergiolagoa.blogspot.pt/2011/06/autenticidade-e-verdade-na-rede.html
http://goncalocarvalheirompel05.wordpress.com/2011/06/20/autenticidade-e-transparencia-na-rede-uma-utopia/